Freitas, AndreiaSilva, Ana IsabelAmante, Susana2017-11-292017-11-292017-11http://hdl.handle.net/10400.19/4724O profissional de jornalismo e a atividade de jornalismo ancora-se na leitura do mundo e na descrição do mesmo com o propósito de o mudar. Ler o mundo pressupõe implicar-se nos acontecimentos como observador, mas também como investigador que decide o que está na agenda, como também o que está para além da agenda e que carece de escrutínio e aprofundamento. Nas múltiplas funções e decisões do jornalista, em tempo útil, questionámo-nos que fronteiras existem entre o jornalismo quotidiano que responde às exigências e desafios da comunicação social, da sociedade de massas e da informação imediata e o jornalismo que seleciona e trabalha situações ambíguas, dedicando-se à sua investigação depurada e cirúrgica. Neste trabalho, centramo-nos no estudo do jornalismo de investigação, enquanto prática identificada como especializada, por um lado; por outro, como um espaço democrático ao contribuir para a divulgação, denúncia de situações insólitas e que prejudicam o cidadão comum. Decorrente da natureza das situações investigadas, são diferentes as repercussões no tecido social, económico, político e judicial. Porém, a sua revelação é promotora de mudança também pelo exercício de liberdade em Portugal. Neste trabalho, centramo-nos no período que decorre entre o ano 2000 e o de 2017. Neste artigo, propomos caracterizar o perfil do jornalista de investigação em território nacional, contribuindo para a sua (re)definição. Partindo da análise de entrevistas a profissionais do jornalismo de um jornal diário português, procuramos: a) descrever representações do jornalismo de investigação nacional, na voz dos profissionais que o praticam; b) conhecer as práticas de jornalismo de investigação em Portugal no século XXI. Discutiremos as respostas a estes objetivos, partindo da perspetiva de profissionais desta área face ao espaço do jornalismo de investigação em Portugal, escrutinando uma linha cronológica de casos investigados e desvelados a partir do pós 25 de abril. Para a sua compreensão à luz do que foi o jornalismo de investigação antes e depois do século XXI, recolhemos, para este trabalho, o depoimento de dois jornalistas responsáveis por revelarem dois casos memoráveis: Aurélio Cunha, com a investigação do caso Sangue Contaminado, e Alexandre Panda, ao investigar um caso de corrupção em Felgueiras, de maio do presente ano. Tal pressupõe refletir sobre as funções dos profissionais do jornalismo de investigação, como forma de desenhar o perfil do jornalista de investigação, bem como de identificar os desafios que a atualidade lhe impõe. Como principais resultados do nosso trabalho, salientamos: a) as representações de jornalistas sobre o jornalismo de investigação revelam-se diversificadas no que diz respeito às suas funções e perfil, e às condições em que investigam; b) as práticas de jornalismo de investigação, em Portugal, são reconhecidas como de grande qualidade e diferem das demais funções do jornalista, ancorando-se em três dimensões: a obtenção de informação, a precisão no tratamento da mesma e a veracidade e confirmação da informação; c) as práticas de jornalismo de investigação, em Portugal, assumem características diferentes daquelas que ocorriam em período anterior ao século XXI, face a constrangimentos económicos e à ditadura do tempo (imediato) disponível para a investigação.Tais conclusões induzem a uma reflexão profunda sobre a prática de jornalismo de investigação e sobre o tempo de investimento, com repercussões para o espaço democrático português.porJornalismo de investigaçãoRepresentaçõesVerdadeDenúnciaRe[a]presentações do jornalismo de investigação na voz dos profissionais de comunicaçãoconference object