ESEV - DCA - Teses de doutoramento (após aprovadas pelo júri)
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Browsing ESEV - DCA - Teses de doutoramento (após aprovadas pelo júri) by advisor "Simões, Rita Joana Basílio de"
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- A feminização do jornalismo regional em contexto português: o caso dos jornais centenáriosPublication . Carona, Liliana; Simões, Rita Joana Basílio deDe acordo com os dados disponíveis no portal online da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, em 2019, foram identificadas 1725 publicações periódicas nos 18 distritos de Portugal Continental e nas duas Regiões Autónomas, salientando-se que, do universo das publicações periódicas registadas, 118 eram jornais de âmbito nacional e 485 de âmbito regional. Por sua vez, a API - Associação Portuguesa de Imprensa reconheceu em 2017-2018, a existência de 33 jornais centenários, sendo o distrito de Aveiro o que tinha mais publicações centenárias, na altura: cinco no total1 . Segundo a API (Associação Portuguesa de Imprensa) que tem lutado pela defesa dos jornais centenários, existiam em Portugal continental, 31 publicações regionais com mais de cem anos de vida, num total de 33 publicações centenárias2 . Todavia, a presente investigação atualiza esses números para 40 publicações regionais centenárias. Em 2020, o universo das publicações periódicas registadas, compreendia 116 são jornais de âmbito nacional e 491 de âmbito regional. De salientar que em 2020, encontravam-se inscritas 1716 publicações periódicas, verificando-se uma descida (36) no número de inscrições de publicações periódicas, em relação ao ano transato (2019). A história destes jornais regionais entrecruza-se com a evolução da sociedade portuguesa e, em particular, com as transformações sofridas pelo ecossistema mediático nas últimas décadas. Todavia, raramente, a imprensa regional é eleita como objeto de estudo e, ainda mais raro, atrai uma reflexão com a especificidade concreta do papel e contributo das mulheres no seio desta imprensa. Refletir sobre os jornais regionais, nomeadamente sobre os centenários a partir de uma perspetiva de género é um dos propósitos da presente investigação. Tomando como ponto de partida os estudos dos processos de produção jornalística e a investigação feminista do jornalismo, pretendemos, também, analisar a realidade socioprofissional das redações da imprensa regional e identificar e problematizar as práticas, as condições e o ambiente de trabalho que os caracterizam, tal como percecionados pelas suas e pelos seus jornalistas. Ambicionamos contribuir para uma compreensão mais profunda das redações da imprensa regional e do lugar do género na sua estrutura interna e práticas profissionais. Como pensar a feminização à luz do enquadramento dos jornais regionais? Quais os perfis socioprofissionais dominantes nas redações dos jornais regionais? Em que medida mulheres e homens ocupam cargos de chefia e de direção e a que áreas de atuação se dirige o seu trabalho? Quantas/os profissionais são jornalistas encartadas/os e que funções desempenham? Que tipo de relação contratual logram manter e quais as suas remunerações? De que políticas para a igualdade laboral beneficiam? Como percecionam os efeitos da identidade de género nas suas práticas laborais? Como se traduzem esses efeitos na produção noticiosa? Estas são algumas das questões a que procuramos dar resposta, a partir do recurso a uma abordagem qualitativa e quantitativa, que contempla a análise documental dos 40 jornais regionais centenários, a aplicação de um inquérito a profissionais da imprensa regional (o total de 341 correios eletrónicos contactados) e a realização de entrevistas em profundidade, em 5 jornais centenários, totalizando 20 entrevistas. Os resultados da investigação continuam a demonstrar que existe um longo caminho a percorrer no que diz respeito à igualdade de género nas redações da imprensa regional portuguesa, nomeadamente no acesso a cargos de chefia/administração. Apesar de se perceber uma maior presença de mulheres nestas redações, e com superior nível de escolaridade, os relatos evidenciam que, na realidade, as mulheres jornalistas continuam a ser vítimas de diversos obstáculos, assimetrias de género, preconceitos e desigualdades.