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- A liricização do espaço em Aparição, de Vergílio FerreiraPublication . Lopes, FernandoO núcleo fundamental, desta nossa breve intervenção, apresentada à III JOEEL – e que o título já exprime de forma algo catafórica – diz respeito às marcas de irrupção lírica que em Aparição, o grande arauto da modernidade, Vergílio Ferreira, deixa entrever, quando se detém no tratamento da relação de equilíbrio entre o “eu” e o espaço. Efetivamente, o romance em estudo não é um romance lírico sem restrições, à maneira, por exemplo, de Alegria Breve, Signo Sinal e Para Sempre, visto que a dimensão ensaística, derivada da atividade inteligente e inquiridora do “eu” – herói problemático (que pretende uma justificação da vida face à inverosimilhança da morte) se sobrepõe à expressão emotiva, que dá ensejo ao discurso lírico, mas de cuja fusão holística resulta o romance-problema. O espaço narrativo impõe, por isso, um espaço existencial, em que a predileção por espaços ligados a situações-limite é uma constante. Dilucidando melhor a problemática em causa, diremos que, se, em Aparição, a narração de uma história com relações causais e temporais bem definidas, por uma lado, tira terreno a uma liricização acabada, por outro, insere ingredientes espaciais, como a varanda e a janela, que vão conferir um relevo especial ao mundo exterior, filtrado imediata e mediatamente pelos estratos ontológicos mais profundos do Dr. Alberto Soares, que privilegia o ver ao reconhecer. Deste modo, as fugas da narratividade operam-se numa base narrativa estável, a partir da qual a voz lírica se expande, transformando a mensagem em canto poético.