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- Tabagismo e síndrome coronário agudoPublication . Mota, Mauro Alexandre Lopes; Cunha, MadalenaTabagismo e Síndrome Coronário Agudo Contexto: O tabagismo é um importante fator de risco, modificável, responsável por um conjunto substancial de patologias, nomeadamente o Síndrome Coronário Agudo, pelo que as campanhas antitabágicas são uma realidade das nossas políticas de saúde, contudo, vários estudos apontam para taxas de mortalidade paradoxalmente contrárias àquilo que inicialmente se previa, dada a maior mortalidade junto dos não-fumadores. Objetivo: analisar as diferenças entre fumadores e não-fumadores com quadro de Síndrome Coronário Agudo, e com isso melhor compreender a viabilidade deste interessante, e perigoso, “paradoxo dos fumadores”. Métodos: A revisão sitemática da literatura integrou 6 estudos que avaliaram as diferenças entre fumadores e não fumadores vítimas do Síndrome Coronário Agudo. Foi efetuada uma pesquisa na PUBMED, EBSCO e SCIELO de estudos publicados entre 1 de Janeiro de 2003 a 31 de Março de 2016. Os estudos encontrados foram seguidamente avaliados tendo em consideração os critérios de inclusão previamente estabelecidos. Dois revisores avaliaram a qualidade dos estudos a incluir utilizando uma grelha para avaliação crítica, o “JBI Critical Appraisal Checklist for Cohort and Case-control studies”. Na meta-análise utilizou-se o método Mantel-Haenszel, recorrendo ao modelo aleatório. Resultados: Seis estudos de coorte preencheram os critérios de inclusão, envolvendo 24674 participantes, 15301 do grupo de não fumadores e 9373 do grupo de fumadores. A análise dos estudos revelou que existiu um risco superior de mortalidade intra-hospitalar (RR=0,66; IC 95%= 0,53-0,84; p<0,05), a 1 mês (RR=0,78; IC 95%= 0,68-0,9; p<0,05) e a 1 ano (RR=0,74; IC 95%= 0,67-0,83; p<0,05) no grupo dos não fumadores, resultado estatisticamente significativo, enquanto que na mortalidade a 6 meses se verifica um risco superior (RR=0,53; IC 95%= 0,26-1,11; p=0,09) sendo que no grupo dos não fumadores não são estatisticamente significativos. Os fumadores apresentam idade significativamente mais baixa em todos os estudos e apresentaram globalmente menos fatores de risco (Diabetes Mellitus, Dislipidémia e HTA). Verificou-se ainda um risco superior no grupo dos fumadores (RR=1,43; IC 95%= 1,11-1,83; p<0,05) para desenvolverem SCAceST e um risco superior no grupo dos não fumadores (RR=0,8; IC 95%= 0,75-0,86; p<0,05) para desenvolverem SCAseST. Conclusão: Os doentes fumadores são significativamente mais jovens e com menos fatores de risco, o que poderá explicar as diferenças encontradas na mortalidade entre os dois grupos. Conclui-se assim que o “paradoxo dos fumadores” é uma visão minimalista de um problema verdadeiramente complexo, pelo que deverá ser proferido com enorme cautela, dada a sua lacuna de consensos nas evidências científicas.