RE - Número 26 - Julho de 2002
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Browsing RE - Número 26 - Julho de 2002 by Subject "Doença"
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- Características psicológicas associadas à saúde: a importância do auto-conceitoPublication . Albuquerque, Carlos; Oliveira, Cristina Paula Ferreira dePara compreensão do processo do desenvolvimento humano, torna-se imprescindível o recurso ao auto-conceito (Gecas,1982). Devido à sua importância, tal constructo tem sido estudado nas diversas áreas da Psicologia, das quais salientamos a Psicologia da Educação (Burns,1979; Crook,1984, Veiga, 1988, 1989), Psicologia Clínica (Vaz Serra,1986; Vaz Serra e Firmino,1986; Vaz Serra et al.,1986) e Psicologia Social (Gecas,1982; Neto,1986). Segundo Burns (1986), o auto-conceito é composto por imagens acerca do que nós próprios pensamos que somos, o que pensamos que conseguimos realizar e o que pensamos que os outros pensam de nós e também de como gostaríamos de ser. Para este autor, o auto-conceito consiste em todas as maneiras de como uma pessoa pensa que é nos seus julgamentos, nas avaliações e tendências de comportamento. Isto leva a que o auto-conceito seja analisado como um conjunto de várias atitudes do eu e únicas de cada pessoa. O auto-conceito tem um papel extremamente importante na medida em que tenta explicar o comportamento, ou seja, porque consegue manter uma certa consistência nesse mesmo comportamento, explicita a interpretação da experiência e fornece um certo grau de previsão (Burns,1986). Epstein (1973) afirma mesmo que "para os fenomenologistas, o auto-conceito é o constructo central da Psicologia, proporcionando a única perspectiva através da qual o comportamento humano pode ser compreendido" (p.404). Assim, é nosso propósito abordar, neste artigo, o papel que o auto-conceito desempenha no comportamento do indivíduo, tendo em conta que a interacção dos diferentes factores contribui, de forma salutar, para a sua formação e desenvolvimento e, consequentemente, para todo o desenvolvimento e comportamento pessoal e social. Começaremos por traçar uma pequena resenha histórica sobre as origens do interesse pelo auto-conceito e tentaremos clarificar alguns aspectos relevantes para a sua definição, para a sua estrutura e para o seu conteúdo. Finalmente, concluiremos esta análise destacando alguns resultados de investigações que se têm efectuado no âmbito do estudo do auto-conceito.
- Correntes de pensamento em ciências de enfermagemPublication . Silva, Daniel Marques daTal como noutras profissões, a evolução na enfermagem tem ocorrido em contextos vários de mudanças socioculturais, filosóficas, económicas, políticas e tecnológicas. Da tecnicidade centrada na doença, no inicio deste século, passou-se para uma corrente de valorização da relação entre quem presta e quem recebe cuidados e para uma corrente orientada para o desenvolvimento moral. Os cursos de enfermagem de hoje procuram dar uma formação que permita aos enfermeiros conhecer melhor a pessoa e ter uma acção terapêutica a nível individual e familiar. A imagem tradicional da "boa enfermeira" é assim, hoje, questionada pois a percepção que as enfermeiras tinham do seu papel foi posta em causa. Desde Nightingale que os cuidados de enfermagem se desenvolveram e melhoraram extraordinariamente e os enfermeiros sabem, cada vez mais, atribuir a si próprios a sua identidade profissional. Apesar da tecnologia avançar, esta nunca poderá substituir a enfermeira uma vez que só ela poderá oferecer serviços que englobam todas as dimensões do ser humano. Contrariamente ao contabilista ou ao engenheiro, para quem a pessoa do cliente não constitui o objecto directo da sua competência, para o enfermeiro é precisamente o ser humano em toda a sua força e vulnerabilidade que constitui o objecto da sua competência. Ser enfermeiro exige mais do que o simples saber (ele pode memorizar) e do que saber-fazer (os gestos podem tornar-se automáticos). O enfermeiro deve também desenvolver o seu saber-ser, tanto consigo próprio como com o cliente. Se, por um lado, a evolução tecnológica tem apelado à valorização da vertente tecnicista, por outro, o aumento da esperança de vida, com o consequente envelhecimento da população e o prolongamento de situações incuráveis (doenças crónicas), tem evidenciado a necessidade de cuidados mais relacionados com a área afectiva e relacional. Nas linhas seguintes iremos procurar, de forma breve, perspectivar a evolução verificada na prática dos cuidados e simultaneamente apresentar algumas correntes de pensamento que têm influenciado a forma de encarar a pessoa, a saúde, a doença e o ambiente, bem como a prestação dos cuidados.