Publication
Espaços de intimidade e intimidação: do object a ao abjeto e ao retorno do sublime no romance O Visitante
dc.contributor.author | Pereira Lopes, Ana Maria | |
dc.contributor.author | Naia Sardo, Anabela | |
dc.contributor.author | Pinto Ferreira, Zaida | |
dc.date.accessioned | 2017-10-03T11:09:33Z | |
dc.date.available | 2017-10-03T11:09:33Z | |
dc.date.issued | 2017-10 | |
dc.description.abstract | Pressupondo que os espaços físico e social e os espaços de intimidade e interioridade das personagens principais, Celina e Artur, se intersetam e se influenciam segundo uma dinâmica de reciprocidade, iremos proceder, com base em enunciados teóricos explanados por Oziris Borges Filho, a uma topoanálise do romance O Visitante, de Osman Lins, entretecida com a aplicação sincrética de conceitos-chave do domínio da psicanálise, em ordem ao entendimento dos padrões comportamentais evidenciados pelas personagens. Assim, o interior da casa, a concha inicial, tal como a define Bachelard (Poética do Espaço: 23-24), adquire feições ora utópicas ou eutópicas, ora distópicas, consoante é apreendida pela personagem Celina, em função da gratificação do desejo (ou ausência desta) proporcionada pelos espaços de intimidade com Artur. Já para Artur, professor tal como Celina, porém casado e com família própria - ao contrário de Celina que é solteira, mora sozinha e desde a adolescência se viu privada do amor e aconchego parentais -, os espaços de intimidade são espaços dissociados de impressões de natureza seja topofílica, seja topofóbica. Desta forma, as visitas reiteradas de Artur a Celina e a sua permanência em sua casa, representam, para esta personagem, a possibilidade de projeção, no objeto, Celina, das pulsões sado-masoquistas e voyeuristas (conforme evidenciado, entre outras passagens, no momento em que Artur revela a Rosa, amiga de Celina, pormenores do seu envolvimento com a amante, com o propósito de a humilhar), inerentes a uma ferida narcísica que se alojara no seu inconsciente, fruto de uma existência alegadamente desprovida de respeito, estima e amor. Neste contexto, a consumação do ato sexual representa a profanação do corpo ascético de Celina pelo corpo perverso, abjeto de Artur, sendo que o abjeto é definido da seguinte forma por Julia Kristeva : […] o abjeto é perverso na medida em que nem desiste nem assume uma proibição, uma regra ou uma lei; antes as repudia, engana, corrompe […] mata em nome da vida e vive à mercê da morte” (Powers of Horror, 1982:15). Quanto a Celina, conforme é prenunciado no excerto que se segue à rutura entre ambos, ser-lhe-á concedida a oportunidade de se redimir da culpa que a consome devido à prática do ato sexual ilícito, do qual resultou uma gravidez e um aborto, recuperando a sua antiga fé religiosa e libertando-se do jugo voluntário, que, fruto de uma idealização fantasiosa, a colocara à mercê da vontade de Artur. Confiramos, à guisa de conclusão, a passagem em apreço: um relâmpago luziu nas telhas vãs, e através das lagrimas, um ombro e a face de Cristo resplandeceram no oratório, e a súbita e esplendente visão atravessou-lhe a alma, veloz, difusa e refratada, como um feixe de luz penetra a água tranquila. Uma dor cingiu-lhe os rins, punhal em fogo. Ela abafou um soluço maior, forte e súbito como um grito, e revolveu-se no leito. O trovão estalou e a presença do pai fez-se vivida no quarto (O Visitante: 166). Palavras-chave: Espaço. Corpo. Intimidade. Intimidação. | pt_PT |
dc.description.version | info:eu-repo/semantics/publishedVersion | pt_PT |
dc.identifier.isbn | 978 - 85 - 9583 - 013 - 4 | |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10400.19/4667 | |
dc.language.iso | por | pt_PT |
dc.peerreviewed | yes | pt_PT |
dc.publisher | São Paulo: Todas as Musas | pt_PT |
dc.subject | Espaço | pt_PT |
dc.subject | Corpo | pt_PT |
dc.subject | Intimidade | pt_PT |
dc.subject | Intimidação. | pt_PT |
dc.title | Espaços de intimidade e intimidação: do object a ao abjeto e ao retorno do sublime no romance O Visitante | pt_PT |
dc.type | book part | |
dspace.entity.type | Publication | |
oaire.citation.conferencePlace | São Paulo - Brasil | pt_PT |
oaire.citation.endPage | 31 | pt_PT |
oaire.citation.issue | 1ª | pt_PT |
oaire.citation.startPage | 13 | pt_PT |
oaire.citation.title | O Espaço Literário em Osman Lins | pt_PT |
oaire.citation.volume | 1º | pt_PT |
rcaap.rights | openAccess | pt_PT |
rcaap.type | bookPart | pt_PT |