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Cântico Final, de Vergilio Ferreira, ou a insondável e inverosímil finitude do ser

dc.contributor.authorLopes, Ana Maria Costa
dc.date.accessioned2016-11-12T21:29:40Z
dc.date.available2016-11-12T21:29:40Z
dc.date.issued2016
dc.description.abstractO romance Cântico Final insta o leitor a refletir sobre o significado da vida num Mundo em que, conforme afirma Elsa (uma das personagens centrais da obra), Deus morrera: “ […] que pena Deus ter morrido! Já o não podemos desafiar…” (147).Porém, ao proclamarem a morte de Deus, quer Elsa, quer Mário, o protagonista, com quem Elsa vive um romance fugaz mas intenso, ficam à mercê da sua condição humana de incompletude e de uma linguagem também humana e como tal reducionista, precária. Ainda que nos momentos de maior intimidade entre si estas personagens prefiram o silêncio ao diálogo, numa tentativa de aproximação e comunhão com um absoluto dessacralizado, a sua demanda de plenitude permanecerá vã. É o que acontece, por exemplo, quando o casal passa férias em Sesimbra, uma vila junto ao mar, com toda a simbologia que os espaços marítimos transportam e evocam. Já a Morte é incontornável, total e definitiva. É devido à inverosimilhança da morte dos seus pais que Mário abandona o espaço rural da sua aldeia e ruma a Lisboa, espaço cosmopolita, de arte e de cultura. Aí, cruza-se com várias personagens que o fazem acreditar no potencial da Arte para captar os pequenos milagres e aparições da vida. Contudo, também a arte, seja a verbal, a pictórica ou a quinestésica, é uma forma de linguagem e daí a sua natureza humana, truncada. Por isso Mário, confrontado com a iminência da sua própria morte, retorna às origens, ao espaço rural que tão bem se enquadra na noção de trialética da espacialidade tal como foi definida por Edward Soja (1999), ou seja espaço macro e micro, subjectivo e imaginado, vivido e experienciado. Ao pintar a capela da Senhora da Noite, erigida no cimo de um monte transbordante de silêncio, Mário assegura, ainda que muito parcialmente, a sua permanência, ao mesmo tempo que o rosto da Senhora da Noite capta, também fruto das tintas de Mário, uma parcela da essência de Elsa. O protagonista responde assim, de um certo ponto de vista, ao apelo de lugar, “pull of place”, como é definido por Lucy Lippard (1997,20) que lhe permite, ainda que ilusoriamente, ultrapassar o sentimento de alienação que mora em si como em todo o sujeito. Circular como a trajetória de Mário, a diegese abre e fecha num mesmo espaço: a aldeia, lugar não de ausência, mas de presença, próxima como está da voz primordial, de que são testemunho as pedras e a montanha secular, símbolos de “união indestrutível dos céus e da terra” (127).pt_PT
dc.identifier.citationLopes, A. M. C. (2016). Cântico Final, de Vergilio Ferreira, ou a insondável e inverosímil finitude do ser. In O. Borges Filho & S. Barbosa (Eds.), O espaço literário na obra de Vergílio Ferreira (pp. 95–110). São Paulo: Todas as Musaspt_PT
dc.identifier.isbn978-85-64137-79-0
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10400.19/3404
dc.language.isoporpt_PT
dc.peerreviewedyespt_PT
dc.publisherSão Paulo: Todas as Musaspt_PT
dc.subjectEspaço, finitude, Arte, permanênciapt_PT
dc.titleCântico Final, de Vergilio Ferreira, ou a insondável e inverosímil finitude do serpt_PT
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oaire.citation.conferencePlaceUnBpt_PT
oaire.citation.endPage110pt_PT
oaire.citation.issuept_PT
oaire.citation.startPage95pt_PT
oaire.citation.titleIII JOEELpt_PT
rcaap.rightsopenAccesspt_PT
rcaap.typebookPartpt_PT

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