RE - Número 25 - Janeiro de 2002
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- A Companhia de Jesus Face ao Espírito Moderno (1ª Parte)Publication . Monteiro, Miguel CorrêaSegundo a opinião de muitos autores, deve realçar-se o contributo importantíssimo dado pelos primeiros Jesuítas através da Ratio Studiorum1, pois criaram, um sistema educativo e uma regra comum a todos os colégios, dando, deste modo, unidade aos processos educativos, que foram depois seguidos em centenas de colégios da Companhia de Jesus espalhados pela Europa e Américas. Se não foi possível à Companhia realizar sempre o que desejou, pelo menos fez o que esteve ao seu alcance. Enfrentando inúmeras dificuldades, como refere François Charmot, a Companhia «executou apenas uma parte dos seus desígnios», adaptando-se sempre às circunstâncias e em nome da maior glória de Deus.2 É um facto que os estilos, as exigências e as tradições vão variando conforme as épocas. Os Inacianos compreenderam que era necessário uma adaptação a esses desafios, e que «teria sido falta de senso comum não querer ter em consideração os métodos que, nos séculos XVII e XVIII, reclamavam a sociedade e as famílias. A disconformidade com elas seria uma utopia e talvez uma loucura. Não faltou aos Jesuítas o sentido da oportunidade».3 Das obras de carácter pedagógico escritas desde meados do século XVII, salientaremos a Ratio discendi et docendi, do padre Juvencio, que recorda a tradição primitiva na linha da Congregação Geral XIV, e a Instructio pro Magistris, de data incerta. As normas escritas pelos PP. Generales são também de consulta importante porque lhes competia zelar pela integridade do primitivo pensamento inaciano. Estando escritas em latim e sendo difíceis de consultar, não deixam, no entanto, de ser interessantes, pois reflectem as orientações da Companhia. O conhecimento dos princípios da pedagogia inaciana passa pela compreensão cuidadosa do discurso e do espírito da Ratio Studiorum. No entanto, já no tempo do padre Inácio Monteiro, o seu discurso parecia desadaptado face aos desafios de uma época tão polémica como foi o século XVIII. Isto não significa que o ideal humanizante da Ratio não fosse adequado. Alguns aspectos foram sendo renovados e adaptados por diversas Congregações Gerais, e também por intermédio dos Superiores Gerais. A Ratio de 1599 incluía as ciências nos seus programas, mas o realce era dado ao ensino das letras, como não podia deixar de ser face ao atraso daquelas.
- Economia, Trabalho e EducaçãoPublication . Ramalho, HenriqueA lógica de construção dos sistemas educativos tem possibilitado inúmeras análises que decorrem da ponderação dos vários condicionalismos que concorrem para a interpretação da construção político-ideológica da educação. Uma interpretação possível passa por ver uma educação que tende cada vez mais a invocar os valores conservadores com uma tradição secular neoliberal. Uma orientação que tende, em muitos casos, a sugerir uma profunda interligação entre a economia como sistema central, o trabalho que aí é necessário desenvolver e a educação que, por força daqueles valores, possa e, deva, promover o desenvolvimento económico, recorrendo-se a uma racionalização gerencialista, deixando antever que poder-se-á estar a invocar um sentido de construção de uma educação altamente instrumentalizada.
- A Educação de Luíza e Celestina para Influenciar os HomensPublication . Lima, Jane Cristina Franco de; Oliveira, TerezinhaRESUMO: Este estudo tem por objetivo compreender e identificar como se desenvolve o processo educacional da mulher francesa no período de 1815 a 1848, bem como os agentes envolvidos, os valores assimilados e a amplitude da influência feminina na sociedade francesa no século XIX, através dos romances Memórias de Duas Jovens Esposas e Os Funcionários, de Honoré de Balzac. A educação das protagonistas Luíza de Chaulieu e Celestina Rabourdin revela que a mulher aprende, no convívio familiar e social, a realçar a beleza com uma toalete impecável, a utilizar o vestuário da última moda, a recepcionar convidados em seu salão, a freqüentar outros salões e a articular encontros com pessoas influentes e importantes com o intuito de alcançar os objetivos que almeja.ABSTRACT: The goal of this article is to comprehend and identify the educational developmental process of the French woman in the time frame between 1815 through 1848. Other objectives of this study include the feminine amplitude and influence in XIX century French society through two romantic works, The Memoirs of Two Young Wives and The Employees of Honoré de Balzac. The education of the protagonists, Luíza de Chaulieu and Celestina Rabourdin, reveals that through the family and social order the women learn to: accentuate beauty with an impeccable style of dress, utilize the latest fashions, entertain guests, visit others within appropriate protocol, and meet important and influencial people with the intention of reaching personal objectives.
- O Envolvimento da Matemática com a Criação dos Computadores: Um Caso de Estudo da Lógica Matemática à Máquina Universal de TuringPublication . Chagas, Elza FigueiredoEmbora não nos apercebamos, o mundo em que vivemos hoje depende fundamentalmente da Matemática. A computação que revoluciona a vida moderna não poderia fugir a regra: foi desenvolvida inicialmente (em seus aspectos teóricos) por matemáticos como Von Neuman e Alan Turing. Nesse sentido, o trabalho aqui apresentado tem como principal finalidade mostrar a importância de conceitos matemáticos na criação de modelos de máquinas automática, em especial, a criação dos computadores, tendo como base o modelo da Máquina de Turing. Em especial, nos interessa abordar a questão do pensamento dedutivo e matemático, seus limites e o problema da relativa mecanização do pensamento quantitativo.
- Os Estatutos da Faculdade de Matemática, aquando da sua criação pela Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra em 1772Publication . Figueiredo, Fernando José Bandeira deApós a expulsão dos jesuítas em 1759, foi criado o Colégio dos Nobres (inaugurado em 1766) para a educação dos jovens. Um dos impulsionadores da criação do referido colégio foi Ribeiro Sanches, cujas ideias eram revolucionárias no quadro da educação do país. As ideias que Ribeiro Sanches tinha sobre uma reforma urgente do ensino inspirariam também a Reforma da Universidade. Para a referida Reforma foi criada uma comissão presidida pelo Marquês de Pombal - Junta de Providência Literária - da qual faziam parte D. Francisco de Lemos (o Reformador-Reitor da Universidade, por despacho, em 1770), entre outros. Esta comissão tinha como objectivo analisar o estado do ensino até à data e criar os Novos Estatutos da Universidade. Desta comissão saiu um documento, que seria apresentado ao Rei com o objectivo de legitimar a reforma da Universidade - "Compêndio Histórico acerca dos prejuízos causados à Universidade pelos jesuítas" . A elaboração e a redacção dos Estatutos da nova Faculdade de Matemática foi entregue a um ex-jesuíta, Monteiro da Rocha, que viria a ser professor da cadeira de Ciências Físico-Matemáticas e, mais tarde, professor de Astronomia e director do Observatório da Universidade. José Silvestre Ribeiro, na sua obra "História dos Estabelecimentos Científicos, Literários e Artísticos de Portugal ao longo das sucessivas Monarquias", refere-se aos Estatutos de 1772 como sendo estes, "...não só um admirável trabalho literário e cientifico, mas também uma bela obra de moral e um excelente expositor de ditames da mais apurada justiça". Os Estatutos, no seu Livro III - Parte Segunda, debruçam-se sobre a Faculdade de Matemática e do seu Curso Matemático. É sobre os Estatutos da Faculdade de Matemática que se debruçará este artigo.
- Internet: o milagre da era digital ou a ameaça da bomba informática?Publication . Pais, CustódiaO homem, um ser comunicativo por excelência, cedo demonstrou possuir uma capacidade ilimitada de se relacionar com os outros recorrendo a um conjunto de signos culturais propositadamente concebidos para o efeito. Primeiro, com o próprio corpo, depois, com a escrita, depressa desenvolveu meios cada vez mais eficazes que lhe permitiram ultrapassar não só as barreiras físicas como atingir um número cada vez maior de destinatários. O acto de comunicar e o de construir dispositivos com essa intenção são, de facto, características antropológicas verificáveis em todos os povos ao longo dos tempos. Nesse sentido, as sociedades humanas têm sido sempre "sociedades de comunicação". As diferenças são marcadas essencialmente pelo grau de complexidade das técnicas de comunicação. Deste modo, e de acordo com Marshall Mcluhan, o modo de vida moderno , assim como os nossos comportamentos, seriam em grande parte determinados pelos instrumentos existentes no domínio da comunicação. Dificilmente poderíamos hoje imaginar a nossa vida sem o telefone, a rádio, a televisão ou o computador. A importância crescente que os meios de comunicação adquirem e as transformações que provocam nos nossos estilos de vida levam à colocação de algumas questões, como a que é levantada por Turkle, que "abre" este artigo. Comunicação em rede
- Joseph Beuys : um filósofo na arte e na cidadePublication . Rodrigues, JacintoMuita gente, em Portugal, desconhece a vida de Joseph Beuys. E aqueles que conhecem a sua obra, conhecem-na desligada de todo o contexto em que foram criadas. As obras expostas nas galerias e nos museus não passam de cadáveres das "Acções" cujo sentido tem sido ocultado e apagado pelos críticos formalistas que tomam a nuvem por Juno. As suas obras pictóricas ou as suas esculturas, as suas instalações eram apenas pretextos para a criação de foruns para debates. A sua "arte feia" é uma espécie de contra-imagem, geradora de evocações simbolizadas pelos objectos expostos. O artista é o sujeito capaz de evocar o significado, apenas grosseiramente enunciado por aquele simples expediente com que toda a gente pode provocar a arte nos outros, ou seja, viver criativamente a vida "desocultando" o que está apenas escondido. Com materiais e instalações simples, pretende provocar interpretações simbólicas e culturais singulares, reacções de todos os que são capazes de construir a visão artística do que apenas foi enunciado.
- Os Judeus no espaço alemão e a procura de uma pátriaPublication . Sousa, Maria Gil deA história dos Judeus é constituída por uma série de migrações. Inicia-se na Palestina, ou como os Judeus hoje designam, Eretz Israel. Sob o domínio romano foram expulsos da Palestina no ano de 135 d.C.1 e estabeleceram-se como comerciantes no antigo Império Romano. Devido ao anti-semitismo, fenómeno de longa data, cujas manifestações e motivos têm variado, consoante a época e o local, os Judeus mantiveram-se unidos durante séculos por uma crença e uma tradição comuns.Nos primeiros séculos depois de Cristo, os Judeus chegaram à Europa Central, que viria a constituir o espaço geo-político que é a Alemanha de hoje, via Galileia3. Estava-se ainda sob o domínio romano. Nas margens do Reno e do Danúbio, em Mainz, Speyer, Worms, Trier, Augsburg e Regensburg existiam colónias judaicas, onde viviam comerciantes e artesãos. Os Judeus já constituíam um povo, antes que os alemães tivessem começado a sê-lo4. Com efeito, o espaço físico alemão era alvo de constantes invasões e perseguições. As primeiras referências que temos relativamente aos povos que habitaram o solo alemão datam de 44 a.C. e falam de um povo guerreiro a quem Júlio César e o seu historiador Tácito deram o nome de Germanos. Estes eram uma fusão de Godos, Vândalos e Bardos. O solo alemão é depois invadido pelos Romanos, Hunos, Saxões, Bávaros e Alemânicos. Só a partir do século IX é que se começa a formar o Império Alemão. Cerca do ano 900, os Judeus estavam envolvidos no comércio com a Boémia. Ao contrário dos Cristãos, que eram maioritariamente agricultores, os Judeus viviam do comércio. Os soberanos queriam usar o comércio para engrandecer o seu poder e prometiam aos Judeus protecção, em troca de altos impostos. Este "privilégio" fez dos Judeus um povo dependente da vontade dos soberanos.
- A Morte e seu duplo: essa segunda vida uma leitura de três narrativas destinadas à infânciaPublication . Marques, Maria Helena FerreiraMorrer será já não ser? O não-ser? E como nos resignarmos a um não-ser, quando, mesmo num corpo lívido e inerte de um ser amado, presenciamos em cada instante o seu sorriso, as suas afeições, os seus projectos omnipresentes e, todavia, sem matéria? Viver encarna a consciência, a afeição. A consciência pessoaliza, constrói um sentido, dota a existência de significação, segundo uma escolha singular. Então, como aceitar tão fria abstracção, desvitalizada de sentido e despersonalizante? Como aceitar não ser, sendo-se? A não ser que a morte, também ela, signifique... E significar, perpetua a vida ainda, e uma vez mais. Investi-la de significado é dotá-la de vida. O que remete para a transfiguração, mutação ou qualquer outro fenómeno vital. Após a niilificação tenebrosa, eis que o eterno dá à luz no seio da vontade humana. Até para um suicidário, segundo António Bracinha Vieira2, ao tornar-se num não-poder-querer de um sujeito-sem-expectativas, a morte não se impõe sem sentido, pois, enquanto ameaça o presente, este estado de emoções perpetua uma vez mais as significações eternas pelas quais o sujeito supõe exprimir-se integralmente em alternativa ao seu estado anterior. Compreendemos que o pensamento do homem viaja através dos tempos e dos espaços e não se sujeita estritamente às restrições do contexto vivido. Imaterial e vivificante, vocaciona-se incessantemente à conquista de outros lugares e de outras vidas. Cada homem renega a sua própria morte, pois aceitá-la seria renegar a sua individualidade, as suas vozes interiores, diga-se de passagem, invisíveis e transbordantes de grandeza, contra e não obstante todas as adversidades e limitações físicas. Levantam-se então as questões filosóficas em torno do enigma levantado no desaparecimento do corpo físico.
- Participação dos professores na escolaPublication . Saraiva, Dinis AugustoNa proximidade do século XXI, a Escola Portuguesa vive momentos de incerteza, de preocupação e desafio face ao futuro. Estamos perante uma sociedade que não se compadece com uma escola parada no tempo, mas, sim, exige uma escola activa, dinâmica e aberta ao meio. Pretende-se uma escola que desenvolva uma cultura de participação1, que saiba partilhar a educação com a família (principal entidade, responsável pela educação), com os trabalhadores não docentes, com a comunidade envolvente e assim todos possam contribuir para o desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos, tornando-os cidadãos mais responsáveis e livres na sociedade. É este tipo de escola que é preconizada pela Lei de Bases (Lei nº46 / 86, de 14 de Outubro) e que exige uma mudança do Sistema Tradicional de Ensino. Por isso, a escola de hoje exige novas posturas, novas responsabilidades de todos os que nela intervêm e contribuem para uma melhoria do ensino, quer sejam professores, pais ou outros. Mas, o papel do professor, como principal impulsionador e dinamizador, é e será determinante para o sucesso de qualquer reforma do sistema educativo. O professor assume o papel primordial de dinamizador de participação e de mobilização de todos os outros intervenientes, no sentido de os levar a darem o seu contributo e a assumirem a sua cota parte de responsabilidade na educação, para que a escola possa realizar os seus objectivos. A escola é um local onde se trocam experiências, onde todos os que aí participam vivem um pouco ou grande parte da sua vida. Por isso, é imprescindível que cada um se sinta parte integrante dela. Assim, abordaremos a escola como um espaço de interacção, bem como as formas de participação dos seus intervenientes. Porque compreender a acção dos que fazem a escola leva-nos a conhecer os estatutos de cada membro e os papéis a eles associados, as normas organizacionais que orientam a interacção e o contributo de cada um para a prossecução das actividades. É na conjugação destes factores que se definem as formas de cada um estar na escola.