RE - Número 46-A - novembro de 2014
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- Ave, a Palavra do Sertanejo na Literatura BrasileiraPublication . Pelinser, André Tessaro; Malloy, LetíciaPublicada postumamente, a coletânea de textos intitulada Ave, Palavra, de Guimarães Rosa, vem ganhando pouca atenção da crítica, sobretudo ao se considerar as contribuições que pode trazer aos estudos da obra daquele autor. Dentre os textos mais interessantes do volume, destaca-se a reportagem poética “Pé-duro, chapéu-de-couro”, em cujas páginas o autor procede, à sua maneira, a uma verdadeira gênese do vaqueiro sertanejo, imputando-lhe raízes a princípio improváveis. Com isso, Guimarães Rosa sugere vincular-se à tradição literária regionalista brasileira, destoando das vozes da crítica. Busca-se, neste artigo, dar uma parte da merecida atenção que aquela reportagem poética, um texto altamente complexo, não tem recebido.
- Bufo & Spallanzani e a paródia pós-modernistaPublication . Brandão, Saulo; Mourão, ManfredO presente trabalho tem por objetivo investigar as considerações acerca da paródia e sua implicação na linha teórica pós-modernista, partindo das análises de Fredric Jameson e Linda Hutcheon, quando conceituando pastiche. Desse modo, nos propomos a fazer uma análise das paródias no romance Bufo & Spallanzani, de Rubem Fonseca, a partir da leitura de Ana Cristina T. de B. Carvalho (2013) que corrobora para sonegar a proposta de Jameson. Desse modo, procuraremos, no emaranhado de citações do romance, que remetem aos mais diversos campos da cultura, elementos que qualifiquem a característica paródica do romance, tendo por embasamento a contraproposta feita por Linda Hutcheon.
- Corpos Fixos e Identidades Fluidas: Felicidade DemaisPublication . Poletto, Ana JúliaAo analisar o conto Felicidade Demais, da autora canadense Alice Munro, efetuámos uma releitura da história e da constituição das identidades femininas, dentro de algumas correntes feministas. A ampliação do espaço de debate sobre o universo feminino, entrecruzando Literatura e História, ilumina padrões aceitos inconscientemente, tirando-os da penumbra, com possibilidade de mudança.
- O Delfim e o Crime PerfeitoPublication . Giacomolli, DórisEste trabalho pretende levantar, analisar e discutir as hipóteses sobre duas mortes, ocorridas numa aldeia de Portugal, a Gafeira, lugar criado pelo autor/narrador que lá se instala e tenta compreender o mistério não elucidado: o que aconteceu, de verdade, à Maria das Mercês, esposa do Delfim, assim como ao criado do casal, Domingos. Essas mortes podem ser consideradas crimes? A resolução do enigma é de pouca importância para a apreciação da narrativa, mas os movimentos de acareação do crime despertam o interesse do leitor e sustentam o valor da obra. O declínio da família de nobres pode ser lido como uma paródia da história de Portugal.
- Deus e o Diabo no Grande Sertão: Veredas: Uma Leitura AntimaniqueístaPublication . Oliveira, Elson DiasO presente trabalho, vinculando literatura e filosofia, objetiva analisar a relação dualista existente entre Deus e o Diabo no Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, procurando contrastar uma interpretação maniqueísta que comumente se faz, haja vista não estarem bem definidos e delimitados esses dois signos na narrativa em questão. Por meio de repetições contraditórias, Riobaldo, o narrador-protagonista, questiona a existência e a atuação/operância dessas forças que perpassam as mesmas veredas. Deus existe, porém é muito passivo, deixando quase todo o protagonismo para o ser humano, detentor da liberdade. E o Diabo, paradoxalmente, amedronta, mas não existe: a despeito de sugerir uma dimensão metafísico-ontológica, surge como algo demasiado humano, representação das más ações humanas. Inconformado, Riobaldo insiste em reclamar uma justa separação entre o que é bom e o que é mau, mas não consegue, pois está tudo muito misturado. Assim, pretendemos demonstrar que não há maniqueísmo nessa tessitura porque não há um dualismo radical na concepção do Bem e do Mal; não se constituem como absolutamente distinto-antagônicos.
- Um Diálogo/Monólogo entre Augusto dos Anjos e DrummondPublication . Duarte, Rafael SoaresO presente artigo busca estabelecer uma análise comparativa entre dois grandes poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade e Augusto dos Anjos. A comparação aqui estabelecida foi realizada especificamente através dos poemas Monólogo de uma Sombra, de Augusto dos Anjos, e O Relógio do Rosário, de Drummond. Sendo 2012 o ano do Centenário de EU, único livro de Augusto dos Anjos, é preponderante pensar como esta obra singular da poesia mundial exerceu a sua influência nos escritores posteriores, principalmente tomando-se por comparação um dos maiores poetas brasileiros. Assim, os dois poemas são aproximados através dos níveis expressivos de ambos: seus aspectos temáticos, suas aproximações temático-filosóficas, as regularidades de nível formal e também na intersecção entre estes aspectos. Através desta análise, tornou-se possível suscitar a breve hipótese de que O Relógio do Rosário é uma releitura/reescrita poética intencional — ainda que não declarada, já que não existem registros conhecidos sobre isso — de Monólogo de uma Sombra.
- Em 10 de outubro de 1912Publication . Santos, AlckmarPor certo, o pai de Tsui Ah Fai sonhou bem mais do que entendia: jogo de bola? e gritaria... e contra toda uma torcida. Era o início (nascia o filho!) de uma carreira, que chegou longe: Jogos Olímpicos, (no futebol, ele era um meia) lá em Berlim (que o pai enfim nunca é que viu!).
- Espaços Íntimos e Espaços Públicos na Narrativa de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)Publication . Colombini, Maikely Teixeira; Siqueira, Joelma SantanaNo presente trabalho monográfico, o nosso objetivo foi analisar os espaços privados e públicos nas obras A Moreninha (1844) e O Moço Loiro (1845), de Joaquim Manuel de Macedo, como espaços fenomenológicos e sociais que demarcam modos de agir e de ser dos personagens, buscando investigar se a análise desses espaços confirma ou nega a observação recorrente sobre a pequena importância social da obra do escritor. De fato, se analisarmos o romance com os olhos críticos daqueles que buscaram ver nele o realismo da escola realista ou o da escola modernista, é possível que ele seja apontado como menor, superficial, piegas em razão do sentimentalismo, da representação dos costumes e da ausência de aprofundamento na psicologia dos personagens. No entanto, é preciso observá-lo, como disse Campedelli, na perspectiva do passado, na perspectiva da visão romântica que não se encerra na pura expressão da emoção, mas também na tomada de consciência da estilização da emoção por parte do artista.
- A Importância da Tradição Oral em Man Made of Words, de Scott Momaday, ou a Palavra como EpifaniaPublication . Lopes, Ana Maria Costa Pereira; Ferreira, Zaida Maria PintoPara o sujeito euro-americano, o Mundo é feito de pares binários dicotómicos (começando, desde logo, com a oposição binária entre o Bem e o Mal), sendo que é a própria Linguagem que antecipa essas dicotomias, desencadeadas, desde logo, pela distinção, a cisão, entre significante e significado. Para o sujeito nativo-americano, por outro lado, o Mundo é feito de dialéticas, de intercessões e interdependência entre diferentes elementos que, estando todos imbuídos de sacralidade, se conjugam harmoniosamante, dando origem a um universo uno, holístico. É à luz destes pressupostos que deve entender-se a obra The Man Made of Words, de Scott Momaday. Na coletânea em apreço, a palavra é entendida como a génese, o sopro espiritual que funde significante e significado, a qual, transmitida de geração em geração, graças à preservação de uma tradição oral, dá vida a uma mundividência que permite ao sujeito ultrapassar ruturas e fragmentações, identificando-se com a Cultura e tradições do seu povo.
- Literatura Comparada e Intertextualidade. Saramago e Patativa do Assaré: O Homem Faz do Mundo um Texto para Produzir SentidoPublication . Giacomolli, DórisO presente trabalho tem por objetivo discutir as conceções de texto e discurso, conceitos usados como ponto de partida para a reflexão acerca da intertextualidade e interdiscursividade, à luz da teoria bakhitiniana. Os textos escolhidos foram o poema A terra é natura de Patativa do Assaré e o texto/prefácio escrito por José Saramago para o livro Terra de Sebastião Salgado, autores que se abastecem da cultura popular a fim de comporem textos que dialogam e se complementam. Vamos analisá-los sob a luz dos pressupostos de Tânia Franco Carvalhal sobre literatura comparada. Este artigo refere-se à intertextualidade entre as duas obras e ao tema presente tanto numa como na outra: a questão da terra, problema que aflige a contemporaneidade e permanece longe de ser resolvido. Estes dois escritores assemelham-se, ao se solidarizarem com essas vozes das minorias. A herança cultural deixada por muitos homens nesta luta desigual por um lugar para se fixarem expressa-se e concretiza-se nas obras destes artistas, que se fazem transmissores dessa memória. Haverá ainda uma abordagem referente à oralidade nos dois autores, tendo em vista que o poema em questão e o texto de José Saramago são essencialmente orais.